sábado, 20 de novembro de 2010

Fiel

 
 
Há distância no ar
E eu não consigo fazer passar
Eu aceno meus braços ao meu redor
E sopro com toda minha força

 
Eu não posso te sentir perto
Contudo eu sei que estás sempre aqui
Mas o conforto da sua proximidade
É o que eu anseio

 
Quando não posso te sentir
Eu tenho aprendido a alcançar da mesma forma
Quando não posso te ouvir
Eu sei que Tu ainda ouves cada palavra que eu oro
E eu Te quero
Mais do que eu quero viver outro dia
E a medida que eu espero por Ti
Talvez eu seja mais fiel

 
Toda a tolice do passado
Embora eu saiba que está desfeito
Eu ainda me sinto o culpado
Ainda tentando acertar


Então eu sussurro Teu nome
Deixo isso rolar em minha língua
Sabendo que és o único que me conhece
Tu me conheces


Mostra-me como eu devo viver isso
Mostra-me onde eu devo andar
Eu considero esse mundo como desperdício pra mim
Tu és tudo que eu quero
Tu és tudo que eu quero



"Faithful" - Brooke Fraser
http://www.youtube.com/watch?v=gVOrJbd44Dc
http://letras.terra.com.br/brooke-fraser/968413/traducao.html

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A lucidez perigosa


Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve
para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.

Clarice Lispector

Lágrimas Ocultas


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

É fácil trocar as palavras,
Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo.

Fernando Pessoa

O humor do fodido


O mau humor é o melhor antídoto que existe. Nada como tomar o café da manhã com uma mulher irritada, ser passageiro de um motorista que vive reclamando do trânsito, conversar com um carrancudo que destila ódio para a classe política. São companhias estimulantes, afrodisíacas. Além de tudo, bem informadas. O pessimista é uma enciclopédia vendida de porta em porta. O otimista é que não lê jornal.

O otimista é frouxo, repete as mesmas frases evasivas e genéricas como “precisa acreditar” ou “tenha esperança”. O pessimista é pessoal, persuasivo, abrirá seus segredos com desembaraço. O otimista rende somente auto-ajuda. O pessimista proporciona alta literatura.

Guardo deslumbramento auditivo diante das pessoas que não respondem tudo bem no cumprimento. Enchem as vogais para declarar "tudo péssimo". Puxo a cadeira mais próxima e me sento com reverência porque percebo que descobri um corajoso no mundo, que vai se confessar com absoluta sinceridade, que tem vida própria e casa alugada.

O azedume é a inteligência em estado bruto. Aplaudo a loquacidade da tristeza. Desespero quando não fala é fatal. Desespero que esperneia é manso. Nunca fui de brigar, por exemplo, mas de espernear. Queria ser segurado pelos colegas antes de apanhar. Minha honra fez teatro na escola.

O mau humor do outro me deixa eufórico. Recebo uma sensação de paz que encontrei uma vez, ao soltar folhas de livro inédito no Rio Sena, apesar de não ter estado em Paris.

Do veneno alheio, surgirá sabedoria, ensinamento, conselhos. Quase uma aula de ecologia sentimental.

Orgulho-me desse humor muito brasileiro, incomparável. Daquele cara que deu tudo errado e ainda está achando graça. Sofreu enchente, deslizamento, seca, foi corneado e não se entrega. Não fechará o negócio, a cara, a amizade. É o que não tem motivos para rir e está rindo. Seu riso é perigoso. Seu riso é ofensivo. Seu riso é o caráter do pulmão.

Não confio em sujeito com felicidade de sobra. Será avarento e indiferente. Quem tem esconde. Unicamente peço dinheiro emprestado ao amigo que já faliu. É um pré-requisito que não costuma falhar.

Eu me interesso pela falta de explicação da alegria. Viva o humor do fodido. É o único que sobrevive às tragédias. Não ficará traumatizado, arrumará uma piada no acidente. Não ficará encastelado no quarto, pagará uma rodada ao pessoal do balcão.

A desgraça o torna generoso. Repentinamente natalino.

Meus grandes amigos estão cansados de recados, cada dia é um ultimato. Odeiam quando a atendente pergunta de onde são. Têm rancor por essa mania de rodoviária que atinge a maior parte das secretárias.

Meus grandes amigos são mórbidos. Compraram o jazigo na juventude. Os que pensam na morte cedo demoram a morrer. Preparam-se com tanta antecedência que perdem a hora.

A maldade preserva e o bem só traz rugas.

Posso garantir, todo santo estava acabado aos 40 anos.

Fabricio Capinejar - PavaBlog#

Felicidade é um estado, e não um destino.

Às vezes eu me sinto um pouco confusa e desconectada, mas, sinceramente, acho que isso é normal, pois ninguém tem uma vida tão perfeita que não se sinta mal por alguns momentos.
Tenho pensado muito sobre essa coisa de "ser feliz"... Sinto que o ser humano em geral perde muito por encarar a felicidade como um destino. Estamos sempre pensando que algum dia seremos felizes: teremos aquele carro, aquele emprego ou aquela pessoa de nossas vidas que irá resolver tudo. Mas a felicidade é um estado. É uma condição, e não um destino. É como estar cansado ou com fome. Não é permanente! Isso vai e volta e tudo continua certo. Sinto que se as pessoas vissem dessa forma, elas encontrariam a felicidade muito mais vezes.
Então é normal ser um pouco infeliz, mesmo quando se tem coisas ótimas na vida?, você me pergunta. Então pense: É normal sentir fome de vez em quando?


E se me achar esquisita,
respeite também.
Até eu fui obrigada a me respeitar.


Clarice Lispector

domingo, 14 de novembro de 2010

Tempo



Quase tudo é temporal
temporal porque está sujeito
ao sujeito chamado tempo
que é mais que momento
que não se confessa
pois não sente culpa de nada
não vê minha pressa em displicente caminhada
Segue até passeando
deve ser por isso que demora
parece que tá brincando
pensando que não tem hora...


Crombie

terça-feira, 26 de outubro de 2010

=/


Acho que vou acabar transformando este blog no "meuqueridodiário"... mas, de alguma maneira, sinto vontade de botar pra fora o que me incomoda... apesar de me incomodar mais ainda conversar com alguém de verdade...

Bem que podia existir um remédio contra o tédio... mas aí eu me viciaria, e ser dependente de qualquer coisa é outro tédio.

Enfim, não dá pra eu ser satisfeita com nada?!
Que saco, cara! Será que todo mundo é assim? Será que eu nasci com algum defeito? Isso é provável.
Queria pelo menos um dia, por um dia, ser normal, ser satisfeita, porque eu descobri um abismo entre ser feliz e ser satisfeita... descobri que sou apenas feliz... talvez isso seja o que eu mereça... quem vai saber?


"O tédio é o sentimento mais moderno que existe"
                                                                                                                                                        Cazuza

domingo, 10 de outubro de 2010

Que merda é essa de "quem sou eu"?


Se tem uma coisa que me dá raiva é essa parada de "quem sou eu" desses tais sites de relacionamento....
Será que ninguém ainda percebeu a idiotice que isso é? Eu não sei o que é pior: aqueles que escrevem "sou alguém tímido, porém batalhador, etc. (eca!) Ou aqueles que colocam um poema ou música qualquer pra se ver livre das definições pessoais que são incapazes de fazer (que fique registrado que eu sou um desses - tisctisctisc).
Talvez seja loucura minha, mas me parece que definir-se é a tarefa mais difícil do homosapiens. Acabamos por buscar as respostas para tudo, mas não são elas que movem o mundo, mas as perguntas (tá! eu copiei do comercial sim!).
Se alguém souber quem é, me diga, pois eu quero ver se é possível ser a mesma pessoa quando se está com um humor diferente...
#tenso... tô deprimida novamente hoje...

" O dia que me definir somente
através de palavras pode me esquecer
Pois então não já existirei mais".



(Quem souber o autor, pode falar! =])

sábado, 9 de outubro de 2010

O Poeta, o Apóstolo e a Pedra.

O poeta viu a Pedra,
e nunca se esqueceu dela.
A Pedra
é a divisão da Historia.
É a divisão das dimensões
da vida e morte humana.

Uns tropeçam.
Outros se apoiam.
Uns morrem.
Outros vivem.


Todos passam por Ela.
E todos existem por Ela.
Porque sem Ela,
o mundo não era,
não é, como também
nunca será

Antes do poeta,
o apostolo já havia dito.
Tinha uma Pedra,
no meio do caminho.
No meio do caminho,
realmente tinha uma Pedra.

Pedra que transformou
Saulo em Paulo.
Trevas em Luz.
Morte em Vida.


E assim seguem todos,
pelo caminho.
E assim seguem todos,
até a Pedra.


Uns tropeçam.
Outros se apoiam.
Uns morrem.
Outros vivem.


Alan Tinoco

"Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência" Arthur Schopenhauer



Às vezes eu tenho medo da minha mente...
Às vezes eu sinto vontade de só dormir para me ver livre de pensar... mas aí eu sonho... (infernno!)
Mas alguém já disse: O conhecimento é irresistível!
Fico constantemente analisando e questionando, observando fatos. Isso é razão pra me perder no abismo que é pensar e sentir... subverto razão em setimento, sentimento em razão e sou considerada louca. Erroneamente, convencionou-se que cepticismo é não acreditar em nada. Ao examinar a tradição céptica vi, no entanto, que não há um ceticismo, mas várias concepções diferentes. A principal fonte de conhecimento do cepticismo antigo e um texto de Sexto Empírico, em suas Hipotiposes pirrônicas. Logo no primeiro capítulo é dito que:
"O resultado natural de qualquer investigação é que aquele que investiga ou bem encontra aquilo que busca, ou bem nega que seja encontrável e confessa ser isto inapreensível, ou ainda, persiste em sua busca. O mesmo ocorre com as investigações filosóficas, e é provavelmente por isso que alguns afirmaram ter descoberto a verdade, outros que a verdade não pode ser apreendida, enquanto outros continuam buscando. Aqueles que afirmam ter descoberto a verdade são os dogmáticos, assim são chamados especialmente Aristóteles, por exemplo,[...]. Clitômaco, Carnéades e outros acadêmicos consideram a verdade inatingível, e os céticos continuam buscando. Portanto, parece razoável manter que há três tipos de filosofia: a dogmática, a acadêmica e a céptica. [...]"
Tá! Até aí tudo bem. Ou quase... Será que eu já não descobri a verdade? Até onde eu sei - e quero acreditar nisso, diga-se de passagem - e já achei a verdade absoluta que é Jesus e sua graça salvadora. Então, whatta hell is happening to me? (parafraseando Dean Winchester - rsrsrs) Por que eu não consigo me satisfazer apenas com isso? Talvez seja por que quase nunca consigo perceber essa verdade atuando em minha vida; uma prova dessa atuação seria a tal satisfação (isso seria justo!). A merda da inconstância é constante na minha vida, por isso só fico calma ou não-deprimida por alguns efêmeros momentos. Diante de tudo que já vivi não posso admitir que a verdade seja inalcançável. Ela existe sim! Preciso que seja desse jeito, todos precisamos! Sendo assim, posso apenas continuar buscando, e essa busca consiste em não fazer nada... quem sabe aquela famosa lâmpada surja em cima da minha cabeça?!
Talvez realmente não seja nada... vou esperar que a madrugada acabe quando o dia se pôr.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Isso é muita sabedoria

"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer."
Clarice Lispector

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Morrer pra viver



"Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho para que aquele que n'Ele crê não sofra, mas tenha VIDA eterna."
É dificil conceber a idéia de que Deus foi quem nos fez pecadores. É fato que todos afirmam que Deus sabia que pecaríamos e ainda assim morreu naquela cruz. Todavia, dificilmente, ouve-se dizer que Ele nos quer pecadores, ou seja, pecamos porque Ele quer que pequemos. Por quê? Eu não sei responder. Só não posso negar que ele sempre quis assim - HOMEM, PECADO, JESUS, CRUZ e JUSTIFICAÇÃO.

Cristo morreu pelos nossos pecados, pois assim como a morte veio por um homem, a ressurreição viria também por meio de um homem. É necessaria a morte para que exista a vida - primeiro Adão (morte), depois Jesus (vida). Se o que é semeado não morrer, não pode ser vivificado. Ao dizer que vale a pena morrer para viver, não podemos nos esquecer de que para que nós mesmos tenhamos vida, precisamos ser mortos. Este não é um discurso egoísta, visto que eu não falei acerca de almas! Pare para analisar e perceba que, enquanto o homem não reconhece que é pecador projetado por Deus e que é isso que nos dá a possibilidade de santificação, não podemos pregar o evangelho de Cristo, já que esse evangelho tem um sinônimo fixo – MORTE.

Se um morreu por todos, todos morreram. Fomos crucificados com Cristo, porém ressucitamos juntamente com Ele. Sendo assim, estando em Cristo mortos, estamos em Cristo vivos; logo, Jesus morreu para que tenhamos A SUA VIDA. É fundamental vivermos em Cristo, pois trazemos sempre a mortificação do Senhor ao nosso corpo a fim de que a vida de Cristo se manifeste também nesse corpo mortal, mas a natureza humana sempre quer o pecado mais do que qualquer coisa. A nossa essência divina, o sangue de Jesus que agora "corre em nossas veias" é o que nos faz querer ser o oposto do natural. O normal do homem é pecar, pecar e ficar por isso memo. O sacrifício de nosso Senhor nos deu a reconciliação, e a "volta" de Jesus ao Céu nos deu o Espírito Santo, justamente para que fôssemos convencidos e direcionados ao arrependimento; graças a Deus por isso, porque ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior se renova de dia em dia.

MORRER PARA VIVER - essa é a mensagem da cruz - LOUCURA PARA MUITOS, PODER DE DEUS PARA OS QUE CREEM. É por isso que nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus.